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Consumo responsável de VestuárioSelecione para ler
Introdução:O papel dos designers e criadores de moda e têxteis no consumo responsável surge através do incentivo ao design e à produção de forma mais consciente. Para isso, práticas produtivas mais sustentáveis e potencialmente regeneradoras devem ser implementadas, com transparência sobre quais os processos e métodos de produção que são utilizados. As práticas mais sustentáveis envolvem a produção de peças funcionais de alta qualidade feitas de materiais duráveis, segundo um processo de comércio justo. A sustentabilidade na produção deve partir de uma perspetiva mais ampla, que considere o impacto da conceção e criação da peça, a sua limpeza e manutenção, a definição do seu melhor fim de vida possível, e futura reutilização ou reciclagem. Práticas mais sustentáveis também devem combater a produção excessiva e massificada, promovendo a produção local de pequena e média escala, utilizando processos lentos e tecnologia para reduzir o impacto da indústria. Desenvolvimento do tópico:A indústria da moda representa uma parte importante das nossas economias, valendo mais de 2,5 triliões de dólares e empregando mais de 75 milhões de pessoas em todo o mundo. A indústria teve um crescimento espetacular nas últimas décadas, pois a produção de roupas duplicou entre 2000 e 2014. Embora as pessoas tenham comprado 60% mais roupas em 2014 do que em 2000, apenas as usaram metade desse tempo. As implicações dessas práticas mais sustentáveis irão impactar diversas áreas da sociedade, incluindo impactos a nível económico, social e cultural, e ambiental. Boas práticas:Cada vez mais marcas emergentes já refletem sobre estes problemas dentro da indústria. Porém, deve-se considerar que não é possível catalogar nenhuma marca de moda como exemplo devido à falta de transparência dos seus processos e das práticas socioambientais dos seus negócios. Por exemplo, algumas empresas não tornam públicos os seus processos de produção. Pelo contrário, as empresas adotam uma abordagem de silêncio para as metas ambientais. Se alguém perguntar sobre as suas metas climáticas, eles recusam-se a responder. Isso é chamado de silêncio verde. Neste enquadramento, algumas marcas merecem destaque por apresentarem aspetos que podem ser considerados como boas práticas.
Desafios atuais e futuros:A indústria têxtil e de vestuário é um dos maiores setores do mundo e tem vindo a crescer continuamente, quase duplicando nos últimos 15 anos. A chamada fast fashion está associada à crescente utilização de fibras sintéticas de origem fóssil, com elevado impacto na poluição através de microplásticos, sendo que menos de 1% das matérias-primas utilizadas na produção de vestuário são recicladas em novas roupas. A maioria das roupas acaba em aterros sanitários ou é incinerada, com altos custos associados ao descarte. Mais referências:ECOS-REPORT COMO O ECODESIGN PODE FAZER OS NOSSOS TÊXTEIS CIRCULARES.PDF (ecostandard.org) O peso da economia no VestuárioSelecione para ler
Introdução:A indústria da moda representa uma parte importante da nossa economia global, com um valor estimado de mais de 2,5 triliões de dólares e empregando mais de 75 milhões de pessoas em todo o mundo. Este setor ainda está em crescimento, já que os consumidores compraram 60% mais roupas nos últimos anos em comparação com 2020. Este crescimento pode ser explicado por um crescente aumento de roupas baratas produzidas principalmente em economias emergentes e por um aumento das roupas que são descartadas, já que os consumidores mantêm as roupas apenas metade do tempo, comparativamente ao passado. Devido à crescente preocupação com o impacto ambiental desta indústria – que se pode traduzir em perdas económicas – marcas e empresas começam a integrar aspetos de sustentabilidade nos seus modelos de negócios. Novos modelos de negócios, baseados principalmente em preocupações sustentáveis ou circulares, surgem cada vez mais. Impactos / Benefícios:O impacto económico da indústria da moda exige uma mudança em toda a cadeia de valor e a implementação de modelos de negócios mais sustentáveis. Boas práticas:Embora existam cada vez mais marcas preocupadas com a cadeia de valor económico do que produzem, é difícil catalogar qualquer marca de moda como exemplo, devido à falta de transparência dos seus processos e práticas comerciais. Neste contexto, algumas marcas merecem ser mencionadas por apresentarem aspetos que podem ser considerados como boas práticas, ainda que algumas não sejam totalmente transparentes:
Desafios atuais e futuros:Para aplicar modelos de negócios circulares bem-sucedidos, as receitas das empresas precisam de ser dissociadas da produção e do uso de recursos. Para isto, é necessário implementar sistemas de devolução para as marcas poderem usar os seus próprios produtos como fonte de materiais e componentes a serem reutilizados em “novas” peças de vestuário. Apenas ao receber de volta os seus próprios produtos, as marcas podem alcançar os benefícios que estas práticas apresentam. No entanto, existem obstáculos para isso, principalmente porque os produtos não são projetados para suportar o número de ciclos que podem passar num modelo de negócios circular. Ademais, as cadeias de fornecimento não estão preparadas para receber roupas de volta, pois são feitas para serem unidirecionais (empresa para cliente). Além disso, é importante ter em atenção o grande número de peças de vestuário que esta indústria produz, pois o seu modelo de negócios depende do fabrico e venda de toneladas de produtos baratos para obter lucro. No entanto, este modelo precisa de mudar, e certamente mudará no futuro, porque a implementação real de modelos de negócios circulares implica que as marcas deixem de produzir as quantidades de vestuário que produzem atualmente. Os modelos de negócios circulares e seus serviços precisam de ser aplicados para substituir os fluxos de receita dos quais essas empresas dependem para serem lucrativas. Mais referências:https://www.mckinsey.com/capabilities/strategy-and-corporate-finance/our-insights/what-matters-most-six-priorities-for-ceos-in-turbulent-times Cidadãos como os principais agentes de mudança no VestuárioSelecione para ler
Introdução:Com a liberalização dos mercados, as marcas de fast-fashion não têm, em regra, produção própria, embora, nos termos da lei em vigor, devam ser responsáveis pelas condições sociais da sua cadeia laboral. As marcas de moda beneficiaram de outsourcing de serviços nos países que lhes ofereciam a melhor relação qualidade-preço, diminuindo os preços de produção nas economias mais vulneráveis, excluindo-se assim de responsabilidades sobre os efeitos negativos nas comunidades locais. Exemplos de vantagens abusivas foram falta de proteção do trabalhador, assédio moral, físico e sexual, trabalho forçado ou infantil, e condições inseguras de trabalho. A Organização Internacional do Trabalho estima que uma grande percentagem de 170 milhões de crianças são forçadas a trabalhar para satisfazer a procura dos consumidores em todo o mundo. As fracas leis de proteção laboral nestes países é, assim, parte essencial do modelo de negócio fast-fashion, ainda uma prática comum devido ao sub orçamento e prazos exigentes impraticáveis a longo prazo, num mercado já precário e altamente competitivo. Impactos / Benefícios:O consumo mais responsável, que envolve invariavelmente a limitação ou suspensão do consumo nas lojas de fast-fashion, não responsabiliza o consumidor pela redução de salário, demissão ou qualquer outra consequência que possa advir dos trabalhadores das fábricas dessas empresas. A forma como estes profissionais são explorados deve-se única e exclusivamente à precariedade com que são empregues pelas fábricas e ao preço desastrosamente baixo que as marcas exigem para pagar as encomendas, como procedimento estratégico generalizado. As grandes marcas de fast-fashion têm o poder político para pagar valores de comércio justo. Empresas como H&M ou Inditex ganham biliões de euros em lucros líquidos anuais que têm vindo a crescer desde o início do século. O poder que o cidadão tem de contribuir para uma maior justiça social neste setor passa pela consciência política e participação cívica do indivíduo que converge na ação coletiva - como votar, fazer consulta pública, aderir a movimentos ou organizações a favor da transparência e sustentabilidade neste setor – e assim questionar diretamente empresas e produtores sobre as suas práticas. A organização e participação em eventos ou ações de formação também promovem a sensibilização para estes temas. Comportamentos coletivos têm mais impacto na mudança sistémica da indústria da Moda do que comportamentos isolados de consumo.
Boas práticas:No que diz respeito às boas práticas, os consumidores podem consultar, entre outras fontes, o Índice de Transparência da Moda para se informarem sobre o posicionamento das empresas no que diz respeito à transparência das suas operações. Um dos maiores exemplos de más práticas foi o desastre no Rana Plaza. Em 2013, esta fábrica de roupas em Bangladesh desabou devido a problemas estruturais. Mais de 1000 pessoas morreram e mais de 2000 ficaram feridas. Este incidente chamou a atenção para as condições de trabalho que estas pessoas tinham de aceitar todos os dias, mas não foram feitas grandes alterações e no dia seguinte os trabalhadores tiveram de regressar ao trabalho. Desafios atuais e futuros:Diante da insustentabilidade e falta de justiça social e climática para as comunidades ao longo de toda a cadeia de abastecimento da indústria da moda, a União Europeia apresenta algumas medidas para reutilizar resíduos e reduzir as emissões de carbono, mas francamente menos medidas para erradicar a escravidão moderna, da qual este setor atualmente depende. As propostas para as diretivas da Economia Circular visam mesmo aumentar as atividades relacionadas com a revenda e reutilização e dissociar o crescimento da exploração de recursos através da eficiência. A eficiência da produção deveria, no entanto, resultar em melhor qualidade de vida - como preconizam as atuais políticas de decrescimento - e não em aumento de lucros. Mais referências:https://www.researchgate.net/publication/284227534_Sustainable_clothing_Challenges_barriers_and_interventions_for_encouraging_more_sustainable_consumer_behaviour Sustentabilidade ambiental no VestuárioSelecione para ler
Introdução:Um dos conceitos apresentados como forma de mudar o modus operandi da indústria da moda é a moda regenerativa, que envolve a agricultura regenerativa. Isto engloba trabalhar e usar a terra em harmonia com a natureza, através da implementação técnicas como a rotação de terras, a combinação de culturas, a aplicação de plantas de cobertura e o conhecimento indígena, entre outras.
Na União Europeia, parte do vestuário em “fim de vida” é exportado para outros países, mas 87% é incinerado ou depositado em aterros sanitários. Em 2017, cada pessoa foi responsável pela geração de 654 kg de CO2 devido ao consumo de roupa e calçado. Impactos / Benefícios:O impacto ambiental da indústria da moda não é totalmente conhecido devido à falta de transparência e de partilha de informação. Como resultado, a indústria da moda tem vindo a ser cada vez mais pressionada para mudar o seu impacto económico, especialmente por ONGs, ativistas e consumidores ambientalmente conscientes. Estudos mostram que a maioria dos consumidores deseja comprar roupas ecologicamente corretas devido à pressão social, preocupação com o meio ambiente e, talvez, influenciados pela culpa e conhecimento sobre o impacto desta indústria e a necessidade de mudar os seus hábitos de compra.
A título de exemplo, várias marcas de moda já começam a procurar produtores que respeitem e utilizem os princípios da agricultura regenerativa como forma não só de serem mais sustentáveis ou neutros em carbono, mas também de impactar positivamente o meio ambiente. Boas práticas:Embora as preocupações ambientais sejam cada vez maiores entre os praticantes, não é possível identificar, com precisão, empresas que respeitem todas as orientações sobre os diversos aspetos que devem ser observados neste domínio. Ainda assim, surgem cada vez mais marcas com preocupações ambientais:
Desafios atuais e futuros:
Para que haja mudanças significativas e diminuição do impacto desta indústria a nível global, é necessário promover uma mudança de hábitos a partir do conhecimento do impacto que a produção e o descarte de roupas têm. Para uma franja da população, medidas mais radicais e, portanto, com maior impacto ambiental, podem e devem ser implementadas, como não comprar roupas novas, boicotar marcas de fast-fashion e empresas que não cumprem ou não apresentam alterações nos seus modelos. Esta normalização envolve uma mudança marcada nos modelos de negócios das empresas. A prática de uma agricultura regenerativa que forneça matérias-primas que não tenham impacto nocivo no solo, na água e na biodiversidade, é também um dos maiores desafios, pois implica uma mudança estrutural na forma como este tipo de materiais é produzido. Para tal, é necessário promover e incentivar a prática deste tipo de agricultura a nível local e regional, fomentando o comércio de proximidade, com menos impacto ambiental e mais benefícios sociais e económicos. Mais referências:Revolução de Moda. 2022. Primeiros passos para o consumo responsável no VestuárioSelecione para ler
Introdução:Comprar as roupas que gostamos a preços baratos, principalmente roupas de fast-fashion, não é de graça. Alguém, em algum lugar, está a pagar, desde trabalhadores tratados injustamente até todos no planeta que têm que lidar com as consequências ambientais e económicas deste consumo. As preocupações com a sustentabilidade e o consumo responsável de moda têm levado cada vez mais os consumidores a exigir que as empresas de moda atuem com responsabilidade e considerem o impacto dos seus negócios. Ideias e recomendações, a fazer/a não fazer:Repensar as cadeias de fornecimento para criar uma economia circular é fundamental, mas isto só funcionará se todos adotarmos novos comportamentos para nos tornarmos consumidores mais conscientes da moda. A FAZER • Aprenda a distinguir tecidos, materiais e roupas de qualidade, para saber a diferença entre uma peça durável e bem trabalhada e uma que fica bonita na prateleira, mas não dura mais do que meia estação. • Aprenda truques para renovar as suas roupas, introduzindo enfeites, acessórios ou pequenas mudanças que as tornem diferentes e originais. Entusiasme-se com a transformação das roupas dos seus sonhos e deixe a sua imaginação correr. • Não faça compras sem as planear. Comece a pensar no que está à procura; isto irá garantir que procurará na loja certa o que precisa e que evitará comprar coisas das quais realmente não precisa. • Não deixe que os saldos e os preços baixos o/a convençam a comprar roupas que não precisa. Lembre-se que vender é a arte da persuasão. Mais referências:https://dailyhive.com/seattle/become-a-conscious-consumer |
Vestuário
NívelAvançado
Palavras-chaveVestuário; Consumo responsável; Sustentabilidade; Moda; Upcycling; Regeneração; Fast-fashion