Loading...

EduCARE

Consumo responsável de Vestuário

Avançado
 Joga   |     Por favor, envie-nos a sua opinião    |    Reproduzir o áudio
  VIDEO

Legal description – Creative Commons licensing: The materials published on the CARE project website are classified as Open Educational Resources' (OER) and can be freely (without permission of their creators): downloaded, used, reused, copied, adapted, and shared by users, with information about the source of their origin.
Creative Commons Licensing



Consumo responsável de VestuárioSelecione para ler  



Introdução:

O papel dos designers e criadores de moda e têxteis no consumo responsável surge através do incentivo ao design e à produção de forma mais consciente. Para isso, práticas produtivas mais sustentáveis e potencialmente regeneradoras devem ser implementadas, com transparência sobre quais os processos e métodos de produção que são utilizados.

As práticas mais sustentáveis envolvem a produção de peças funcionais de alta qualidade feitas de materiais duráveis, segundo um processo de comércio justo. A sustentabilidade na produção deve partir de uma perspetiva mais ampla, que considere o impacto da conceção e criação da peça, a sua limpeza e manutenção, a definição do seu melhor fim de vida possível, e futura reutilização ou reciclagem. Práticas mais sustentáveis também devem combater a produção excessiva e massificada, promovendo a produção local de pequena e média escala, utilizando processos lentos e tecnologia para reduzir o impacto da indústria.

Desenvolvimento do tópico:

A indústria da moda representa uma parte importante das nossas economias, valendo mais de 2,5 triliões de dólares e empregando mais de 75 milhões de pessoas em todo o mundo. A indústria teve um crescimento espetacular nas últimas décadas, pois a produção de roupas duplicou entre 2000 e 2014. Embora as pessoas tenham comprado 60% mais roupas em 2014 do que em 2000, apenas as usaram metade desse tempo.
Do ponto de vista do indivíduo, a desmistificação, difusão e implementação da troca, doação, reparação, reutilização ou compra em segunda mão irá naturalmente reduzir o consumo em primeira mão, desconstruindo a urgência de adquirir novas peças. Paralelamente, uma criação focada num consumo mais responsável oferecerá opções por si só mais sustentáveis do ponto de vista social, económico e ambiental. A existência dessas opções facilitará o trabalho do consumidor no processo de escolha quando precisar de adquirir peças em primeira mão.

As implicações dessas práticas mais sustentáveis irão impactar diversas áreas da sociedade, incluindo impactos a nível económico, social e cultural, e ambiental.
Por exemplo, reduzir as compras em primeira mão e privilegiar compras em segunda mão, trocas, remendos/consertos ou upcycling diminuirá, no mínimo, o desperdício de produção, uma vez que aquela peça já foi produzida. Ao comprar em segunda mão e simplesmente conversar com os seus amigos e familiares sobre isso, definitivamente ajuda a reduzir a procura por fast fashion. Na verdade, upcyling é o processo de pegar em materiais ou peças velhas ou descartadas e transformá-las em algo útil, seja cortando, costurando, remendando, ou usando outras formas que permitam o reaproveitamento da peça.
Para reduzir o consumo e melhorar o processo de reciclagem, pode-se atuar na cadeia de valor, alterando todas as atividades que levam à criação da peça de vestuário. A moda regenerativa muda a abordagem usual de condicionar as roupas de tal maneira que elas se tornam um recurso em vez de um produto residual. Isto significa que a moda regenerativa é baseada principalmente num método biodinâmico de cultivo que considera a terra como um ser vivo complexo e os seus habitantes, vivos ou inertes, como recursos energéticos para nutrição e regeneração.

Boas práticas:

Cada vez mais marcas emergentes já refletem sobre estes problemas dentro da indústria. Porém, deve-se considerar que não é possível catalogar nenhuma marca de moda como exemplo devido à falta de transparência dos seus processos e das práticas socioambientais dos seus negócios. Por exemplo, algumas empresas não tornam públicos os seus processos de produção. Pelo contrário, as empresas adotam uma abordagem de silêncio para as metas ambientais. Se alguém perguntar sobre as suas metas climáticas, eles recusam-se a responder. Isso é chamado de silêncio verde. Neste enquadramento, algumas marcas merecem destaque por apresentarem aspetos que podem ser considerados como boas práticas.
De entre algumas dessas marcas, é possível destacar:

•    Elementum, uma marca sustentável que defende conceitos de desperdício zero e faz da sustentabilidade uma prioridade

•    Stella McCartney  está comprometida com a ação climática e metas baseadas na ciência (tais como atingir a meta de emissões zero até 2040)

•    A Patagonia que, sob o lema “a crise climática é o nosso negócio”, fabrica produtos com base nos ganhos e perdas ambientais.

Para mais opções, consulte Good on You, um diretório online que classifica marcas de moda com base na sustentabilidade do Planeta, Pessoas e Animais.

Desafios atuais e futuros:

A indústria têxtil e de vestuário é um dos maiores setores do mundo e tem vindo a crescer continuamente, quase duplicando nos últimos 15 anos.
Nesta indústria, grandes volumes de recursos não renováveis são extraídos para produzir roupas que muitas vezes são usadas apenas por um curto período, após o qual os materiais são perdidos em aterros sanitários ou através de incineração.
A tendência da fast fashion estimula os consumidores a continuar a comprar roupas de qualidade inferior e preço mais baixo, produzidas rapidamente em resposta às últimas tendências, contribuindo para um padrão insustentável de produção e consumo excessivo.
Isso tem impacto negativo no meio ambiente, no clima e na sociedade, levando ao uso insustentável de recursos não renováveis.

A chamada fast fashion está associada à crescente utilização de fibras sintéticas de origem fóssil, com elevado impacto na poluição através de microplásticos, sendo que menos de 1% das matérias-primas utilizadas na produção de vestuário são recicladas em novas roupas. A maioria das roupas acaba em aterros sanitários ou é incinerada, com altos custos associados ao descarte.



O peso da economia no VestuárioSelecione para ler  



Introdução:

A indústria da moda representa uma parte importante da nossa economia global, com um valor estimado de mais de 2,5 triliões de dólares e empregando mais de 75 milhões de pessoas em todo o mundo. Este setor ainda está em crescimento, já que os consumidores compraram 60% mais roupas nos últimos anos em comparação com 2020. Este crescimento pode ser explicado por um crescente aumento de roupas baratas produzidas principalmente em economias emergentes e por um aumento das roupas que são descartadas, já que os consumidores mantêm as roupas apenas metade do tempo, comparativamente ao passado.

Devido à crescente preocupação com o impacto ambiental desta indústria – que se pode traduzir em perdas económicas – marcas e empresas começam a integrar aspetos de sustentabilidade nos seus modelos de negócios. Novos modelos de negócios, baseados principalmente em preocupações sustentáveis ou circulares, surgem cada vez mais.

Impactos / Benefícios:

O impacto económico da indústria da moda exige uma mudança em toda a cadeia de valor e a implementação de modelos de negócios mais sustentáveis.
Uma das ações mais importantes que a indústria poderia aplicar é desvincular as receitas da produção de matéria-prima, ou seja, o uso dos recursos não deve depender dos recursos naturais, mas sim do aproveitamento dos materiais já existentes nas peças de vestuário. Isto pode ser alcançado através da revenda, aluguer, reparação e transformação de roupas. Todos estes modelos de negócios reduzem as emissões de gases de efeito estufa, a poluição e as perdas de biodiversidade.
Estes modelos de negócios impactam consideravelmente as economias locais. Ao reparar ou personalizar roupas, os clientes apoiam e promovem os negócios locais, como costureiras e pequenas oficinas. Para as marcas, a implementação de modelos de negócios circulares pode levar a uma diversidade de fluxos de receita, oferecendo novos serviços, como restauração ou personalização. Além disso, há uma maior fidelização do cliente, pois a empresa não está vendendo apenas uma peça de roupa, mas sim um relacionamento prolongado com o seu produto e com o proprietário.

Boas práticas:

Embora existam cada vez mais marcas preocupadas com a cadeia de valor económico do que produzem, é difícil catalogar qualquer marca de moda como exemplo, devido à falta de transparência dos seus processos e práticas comerciais. Neste contexto, algumas marcas merecem ser mencionadas por apresentarem aspetos que podem ser considerados como boas práticas, ainda que algumas não sejam totalmente transparentes:

•    A Naz é uma marca portuguesa de moda sustentável com o lema “criar moda democrática para um amanhã consciente”.

•    A Harvest & Mill’s é outra marca que fabrica localmente para reduzir a sua pegada de carbono e usa corantes não tóxicos de baixo impacto ou até nenhuns corantes em todos os seus produtos. No entanto, não está claro se ela garante o pagamento de um salário digno na sua cadeia de fornecimento.

•    Da mesma forma, e apesar da Econscious usar uma alta proporção de materiais ecologicamente corretos e auditorias nas etapas finais de produção, não há evidências de que ela garanta o pagamento de um salário mínimo na sua cadeia de fornecimento.

Para mais opções, consulte Good on You, um diretório on-line que avalia a sustentabilidade do Planeta, Pessoas e Animais de marcas de moda.
 

 

 

Desafios atuais e futuros:

Para aplicar modelos de negócios circulares bem-sucedidos, as receitas das empresas precisam de ser dissociadas da produção e do uso de recursos.

Para isto, é necessário implementar sistemas de devolução para as marcas poderem usar os seus próprios produtos como fonte de materiais e componentes a serem reutilizados em “novas” peças de vestuário. Apenas ao receber de volta os seus próprios produtos, as marcas podem alcançar os benefícios que estas práticas apresentam. No entanto, existem obstáculos para isso, principalmente porque os produtos não são projetados para suportar o número de ciclos que podem passar num modelo de negócios circular. Ademais, as cadeias de fornecimento não estão preparadas para receber roupas de volta, pois são feitas para serem unidirecionais (empresa para cliente). Além disso, é importante ter em atenção o grande número de peças de vestuário que esta indústria produz, pois o seu modelo de negócios depende do fabrico e venda de toneladas de produtos baratos para obter lucro. No entanto, este modelo precisa de mudar, e certamente mudará no futuro, porque a implementação real de modelos de negócios circulares implica que as marcas deixem de produzir as quantidades de vestuário que produzem atualmente. Os modelos de negócios circulares e seus serviços precisam de ser aplicados para substituir os fluxos de receita dos quais essas empresas dependem para serem lucrativas.
Por todos esses fatores, agora e no futuro, as marcas devem repensar os seus modelos de negócios para incorporar novas práticas circulares, pois sem ajuste, prototipagem e inovação, a transição será mais difícil e os efeitos adiados.



Cidadãos como os principais agentes de mudança no VestuárioSelecione para ler  



Introdução:

Com a liberalização dos mercados, as marcas de fast-fashion não têm, em regra, produção própria, embora, nos termos da lei em vigor, devam ser responsáveis pelas condições sociais da sua cadeia laboral. As marcas de moda beneficiaram de outsourcing de serviços nos países que lhes ofereciam a melhor relação qualidade-preço, diminuindo os preços de produção nas economias mais vulneráveis, excluindo-se assim de responsabilidades sobre os efeitos negativos nas comunidades locais. Exemplos de vantagens abusivas foram falta de proteção do trabalhador, assédio moral, físico e sexual, trabalho forçado ou infantil, e condições inseguras de trabalho. A Organização Internacional do Trabalho estima que uma grande percentagem de 170 milhões de crianças são forçadas a trabalhar para satisfazer a procura dos consumidores em todo o mundo. As fracas leis de proteção laboral nestes países é, assim, parte essencial do modelo de negócio fast-fashion, ainda uma prática comum devido ao sub orçamento e prazos exigentes impraticáveis a longo prazo, num mercado já precário e altamente competitivo.

Impactos / Benefícios:

O consumo mais responsável, que envolve invariavelmente a limitação ou suspensão do consumo nas lojas de fast-fashion, não responsabiliza o consumidor pela redução de salário, demissão ou qualquer outra consequência que possa advir dos trabalhadores das fábricas dessas empresas. A forma como estes profissionais são explorados deve-se única e exclusivamente à precariedade com que são empregues pelas fábricas e ao preço desastrosamente baixo que as marcas exigem para pagar as encomendas, como procedimento estratégico generalizado. As grandes marcas de fast-fashion têm o poder político para pagar valores de comércio justo. Empresas como H&M ou Inditex ganham biliões de euros em lucros líquidos anuais que têm vindo a crescer desde o início do século. O poder que o cidadão tem de contribuir para uma maior justiça social neste setor passa pela consciência política e participação cívica do indivíduo que converge na ação coletiva - como votar, fazer consulta pública, aderir a movimentos ou organizações a favor da transparência e sustentabilidade neste setor – e assim questionar diretamente empresas e produtores sobre as suas práticas. A organização e participação em eventos ou ações de formação também promovem a sensibilização para estes temas. Comportamentos coletivos têm mais impacto na mudança sistémica da indústria da Moda do que comportamentos isolados de consumo.

Boas práticas:

No que diz respeito às boas práticas, os consumidores podem consultar, entre outras fontes, o Índice de Transparência da Moda para se informarem sobre o posicionamento das empresas no que diz respeito à transparência das suas operações.

Campanhas como as da Fashion Revolution, nomeadamente “Quem Fez a Minha Roupa?” ou “Roupas Boas, Pagamento Justo” são boas práticas para sensibilizar e educar os cidadãos, encorajando-os a serem ativos e a pressionar marcas a serem mais transparentes nas suas práticas, com eventual objetivo de as alterar.
Por parte das empresas, é urgente que estas mudem os seus métodos de produção e se certifiquem que as fábricas onde são produzidas as peças de vestuário cumprem as condições de trabalho exigidas, implementando práticas de proteção e utilização sustentável da água, do solo e das matérias-primas.

Um dos maiores exemplos de más práticas foi o desastre no Rana Plaza. Em 2013, esta fábrica de roupas em Bangladesh desabou devido a problemas estruturais. Mais de 1000 pessoas morreram e mais de 2000 ficaram feridas. Este incidente chamou a atenção para as condições de trabalho que estas pessoas tinham de aceitar todos os dias, mas não foram feitas grandes alterações e no dia seguinte os trabalhadores tiveram de regressar ao trabalho.
Outra prática ilícita comum é a apropriação cultural realizada pelas grandes empresas de moda sobre elementos étnicos, folclóricos e tradicionais de outras culturas, utilizando como próprios os elementos destas culturas. Empresas como Zara, Nike, Louis Vuitton, Carolina Herrera, Mango, Rapsodia e outras foram acusadas de usar designs indígenas do México, Porto Rico, Panamá e outros países.

Desafios atuais e futuros:

Diante da insustentabilidade e falta de justiça social e climática para as comunidades ao longo de toda a cadeia de abastecimento da indústria da moda, a União Europeia apresenta algumas medidas para reutilizar resíduos e reduzir as emissões de carbono, mas francamente menos medidas para erradicar a escravidão moderna, da qual este setor atualmente depende.

As propostas para as diretivas da Economia Circular visam mesmo aumentar as atividades relacionadas com a revenda e reutilização e dissociar o crescimento da exploração de recursos através da eficiência. A eficiência da produção deveria, no entanto, resultar em melhor qualidade de vida - como preconizam as atuais políticas de decrescimento - e não em aumento de lucros.
Os desafios futuros incluem, entre outros: promover a regulamentação dos lucros e a sua distribuição mais equitativa ao longo da cadeia de fornecimento; estabelecer preços mínimos de produção por lei, a fim de garantir um sistema de trabalho justo que inclua salários decentes e permita o desenvolvimento intelectual, criativo e económico das comunidades; implementar uma profunda revolução económica, política e cultural que terá de ser alavancada por uma mudança legislativa.
Enquanto o objetivo económico do mundo corporativo for o crescimento, a cultura será absorvida principalmente pelo consumismo, e o produto de moda é tecnicamente dependente do trabalho. A justiça social da população trabalhadora representa um desafio raramente mencionado no âmbito das políticas governamentais.



Sustentabilidade ambiental no VestuárioSelecione para ler  



Introdução:

Um dos conceitos apresentados como forma de mudar o modus operandi da indústria da moda é a moda regenerativa, que envolve a agricultura regenerativa. Isto engloba trabalhar e usar a terra em harmonia com a natureza, através da implementação técnicas como a rotação de terras, a combinação de culturas, a aplicação de plantas de cobertura e o conhecimento indígena, entre outras.
A Agricultura Regenerativa não deve ser confundida com a Agricultura Sustentável, embora partilhem princípios comuns. A Agricultura Sustentável concentra-se em manter os ecossistemas num estado produtivo através do uso de formas ecológicas de produzir alimentos para satisfazer as necessidades humanas. Por outro lado, a Agricultura Regenerativa implica uma melhoria e regeneração dos ecossistemas, e não apenas a manutenção.
 

Na União Europeia, parte do vestuário em “fim de vida” é exportado para outros países, mas 87% é incinerado ou depositado em aterros sanitários. Em 2017, cada pessoa foi responsável pela geração de 654 kg de CO2 devido ao consumo de roupa e calçado.

Impactos / Benefícios:

O impacto ambiental da indústria da moda não é totalmente conhecido devido à falta de transparência e de partilha de informação.
No entanto, é um facto que esta indústria apresenta um enorme impacto no ambiente e na saúde pública uma vez que é intensiva em termos de recursos, utilizando quantidades significativas de água, terra, madeira e pesticidas para cultivar matérias-primas como o algodão.

Como resultado, a indústria da moda tem vindo a ser cada vez mais pressionada para mudar o seu impacto económico, especialmente por ONGs, ativistas e consumidores ambientalmente conscientes. Estudos mostram que a maioria dos consumidores deseja comprar roupas ecologicamente corretas devido à pressão social, preocupação com o meio ambiente e, talvez, influenciados pela culpa e conhecimento sobre o impacto desta indústria e a necessidade de mudar os seus hábitos de compra.
Atualmente, a grande maioria das marcas e empresas de moda focam em divulgar as ações que têm realizado para se tornarem mais sustentáveis. No entanto, para muitas organizações da sociedade civil, mudar apenas partes do modelo de negócio ou divulgar ações ou coleções nas quais são aplicadas medidas de sustentabilidade não é suficiente. Desta forma, é necessária uma mudança sistémica, desde a etapa de cultivo da matéria-prima até a etapa de descarte da peça de roupa.

 

 

A título de exemplo, várias marcas de moda já começam a procurar produtores que respeitem e utilizem os princípios da agricultura regenerativa como forma não só de serem mais sustentáveis ou neutros em carbono, mas também de impactar positivamente o meio ambiente.

Boas práticas:

Embora as preocupações ambientais sejam cada vez maiores entre os praticantes, não é possível identificar, com precisão, empresas que respeitem todas as orientações sobre os diversos aspetos que devem ser observados neste domínio. Ainda assim, surgem cada vez mais marcas com preocupações ambientais:

•    A Fibershed é uma organização americana sem fins lucrativos que desenvolve sistemas regionais de produção de fibras para posteriormente serem utilizadas na criação de peças de vestuário. Fá-lo através da ligação entre utilizadores finais e produtores, numa lógica de economia local, transparente e circular

•    A Regenerative Organic Alliance tem um programa chamado Regenerative Organic Certified, que é uma certificação para alimentos, fibras e ingredientes para produtos de beleza. A certificação passa por um criterioso processo em que são avaliados diversos parâmetros, como a saúde e manutenção do solo, o bem-estar animal, e a equidade e estabilidade social

•    A campanha “Cuide do que veste”, da Regeneration International, visa educar e consciencializar os consumidores sobre o porquê e a forma como devem comprar roupas que apoiem a agricultura regenerativa, produção responsável e práticas justas de trabalho

 

Desafios atuais e futuros:

 

Para que haja mudanças significativas e diminuição do impacto desta indústria a nível global, é necessário promover uma mudança de hábitos a partir do conhecimento do impacto que a produção e o descarte de roupas têm. Para uma franja da população, medidas mais radicais e, portanto, com maior impacto ambiental, podem e devem ser implementadas, como não comprar roupas novas, boicotar marcas de fast-fashion e empresas que não cumprem ou não apresentam alterações nos seus modelos.
Normalizar o uso e o consumo de roupas produzidas de forma mais sustentável deve ser o caminho a seguir. No entanto, questões como preço, quantidade e qualidade das peças de vestuário ou tendências de short fashion devem ser trabalhadas com as marcas para estimular a existência de um mercado mais sustentável.
 

Esta normalização envolve uma mudança marcada nos modelos de negócios das empresas. A prática de uma agricultura regenerativa que forneça matérias-primas que não tenham impacto nocivo no solo, na água e na biodiversidade, é também um dos maiores desafios, pois implica uma mudança estrutural na forma como este tipo de materiais é produzido. Para tal, é necessário promover e incentivar a prática deste tipo de agricultura a nível local e regional, fomentando o comércio de proximidade, com menos impacto ambiental e mais benefícios sociais e económicos.

Mais referências:

Revolução de Moda. 2022.
“What is Regenerative Fashion?”

Revista Made Trade. 2022.
“What is Regenerative Fashion?” 

Movimento Regeneration International
 



Primeiros passos para o consumo responsável no VestuárioSelecione para ler  



Introdução:

Comprar as roupas que gostamos a preços baratos, principalmente roupas de fast-fashion, não é de graça. Alguém, em algum lugar, está a pagar, desde trabalhadores tratados injustamente até todos no planeta que têm que lidar com as consequências ambientais e económicas deste consumo. As preocupações com a sustentabilidade e o consumo responsável de moda têm levado cada vez mais os consumidores a exigir que as empresas de moda atuem com responsabilidade e considerem o impacto dos seus negócios.
Paralelamente, o facto de os consumidores estarem mais conscientes e informados sobre as questões da sustentabilidade, tem vindo a alterar os seus hábitos de consumo, nomeadamente, no contexto da afirmação “podes fazer mais”. Como consequência, as empresas precisam de estar cientes destas transformações, a fim de fazer mudanças adequadas a nível de fabrico e publicidade. De acordo com este pressuposto, os cidadãos assumem-se como os principais agentes da mudança e são cada vez mais chamados a refletir, recusar, reduzir, reutilizar, reciclar, redistribuir e recuperar.

Ideias e recomendações, a fazer/a não fazer:

Repensar as cadeias de fornecimento para criar uma economia circular é fundamental, mas isto só funcionará se todos adotarmos novos comportamentos para nos tornarmos consumidores mais conscientes da moda.
Para ajudá-lo a mudar seus hábitos e inspirar outras pessoas, aqui estão alguns conselhos práticos:

A FAZER

•    Aprenda a distinguir tecidos, materiais e roupas de qualidade, para saber a diferença entre uma peça durável e bem trabalhada e uma que fica bonita na prateleira, mas não dura mais do que meia estação. 

•    Aprenda truques para renovar as suas roupas, introduzindo enfeites, acessórios ou pequenas mudanças que as tornem diferentes e originais. Entusiasme-se com a transformação das roupas dos seus sonhos e deixe a sua imaginação correr.

•    Quando se trata de ser um consumidor de moda consciente, menos é (muito) mais. Independentemente do quão sustentável seja uma peça de vestuário, ela ainda tem um impacto económico, ambiental e sociocultural. Lembre-se que a peça mais sustentável é aquela que já tem no seu armário.

•    Compre marcas mais sustentáveis, para incentivá-las a promover uma indústria da moda mais justa, segura e transparente. Descubra que tipo de valores a marca representa. Quanto mais informações a marca partilhar sobre o seu impacto social, ambiental e económico, melhor. Se a marca não partilhar este tipo de informação, é sinal de que provavelmente deve escolher outra marca para o seu investimento.

A NÃO FAZER

•    Não faça compras sem as planear. Comece a pensar no que está à procura; isto irá garantir que procurará na loja certa o que precisa e que evitará comprar coisas das quais realmente não precisa.

•    Não deixe que os saldos e os preços baixos o/a convençam a comprar roupas que não precisa. Lembre-se que vender é a arte da persuasão.

•    Não escolha preço ou quantidade em detrimento da qualidade. Muitos itens de vestuário podem ser vistos como peças de investimento. Então, seja honesto/a consigo mesmo/a para descobrir o que realmente irá usar. Uma peça de alta qualidade pode durar várias temporadas, o que significa que não precisará de comprar essa peça repetidamente.

•    Evite comprar quando se sentir emotivo. Aprenda a reconhecer se está a comprar para aliviar o stresse ou a ansiedade. A maioria dos gastos emocionais segue um padrão comportamental. Quando começa a reconhecer os padrões que o/a levam a gastar, pode começar a quebrar esses padrões e a comprar de forma mais sustentável.

•    Não compre uma peça de roupa que não combine com o resto do seu guarda-roupa. Se não consegue combinar uma peça com as que já tem, esse novo investimento provavelmente não deve acontecer. Aproveite ao máximo o seu guarda-roupa escolhendo as peças certas que combinam com o resto.





Área

Vestuário

Nível

Avançado

Palavras-chave

Vestuário; Consumo responsável; Sustentabilidade; Moda; Upcycling; Regeneração; Fast-fashion

Partners